4.6 Mapas de conceitos
Um mapa conceptual é um esquema que permite organizar a informação estabelecendo relações entre os conceitos. É constituído por conceitos (termo que designa um objeto, acontecimento ou ideia), proposições (frases declarativas com valor de verdade que expressam um juízo que relaciona conceitos) e conexões (elementos de ligação entre conceitos). Um mapa de conceitos deve obedecer uma determinada organização:
- ser representado de forma hierárquica, com os conceitos mais gerais no topo e os mais específicos em baixo;
- possuir linhas de ligação com conectores linguísticos que permitam formar proposições entre os conceitos;
- incluir exemplos específicos que ajudem a clarificar o significado de alguns conceitos
Para construir um mapa conceptual, é necessário identificar os conceitos-chave, necessários para entender o significado do assunto; ordená-los hierarquicamente, do mais geral para o mais específico; dispor os conceitos em esquema, de acordo com a hierarquia definida; ligar conceitos com linhas ou setas, relacionando-os, e estabelecer essa ligação com palavras que definam a relação entre os conceitos; e colocar um círculo, quadrado ou retângulo à volta dos conceitos essenciais.
Existe uma extensa bibliografia sobre a utilização de mapas conceptuais em educação, e alguma especificamente sobre a sua utilização em filosofia (Aires, 2014). De um modo geral, os mapas conceptuais são apresentados como “sistemas facilitadores das aprendizagens pelo apoio que constituem em processos de análise e de compreensão de ideias e conteúdos” (Marques, 2008), que permitem “motivar os alunos a aprenderem e a relacionarem os conceitos (…) e testar uma estratégia de ensino e aprendizagem que facilite a construção de conhecimento e a promoção de competências” (Miranda e Morais, 2009). Poder-se-ia pensar que um lápis e um papel permitem fazer rapidamente mapas conceptuais, mas as ferramentas digitais permitem corrigir, editar e partilhar, permitindo o trabalho colaborativo online. Além disso, algumas aplicações permitem a ligação para outros conteúdos disponíveis na internet, tais como vídeos, textos ou imagens. Os mapas conceptuais permitem organizar graficamente informação e conhecimentos, implicam uma atitude ativa por parte do estudante e permitem uma melhor compreensão das relações entre conceitos. “Quando os alunos têm experiência em colaboração, podem construir mapas conceptuais mais sofisticados trabalhando colaborativamente do que trabalhando individualmente” (Miranda e Morais, 2009).
Existem várias ferramentas para elaborar mapas conceptuais: CmapTools[1], MindManager[2], Free Minds[3], etc. Não são todos iguais, permitem níveis de edição diferentes e alguns conseguem resultados mais atrativos do que outros. Pela sua simplicidade de utilização, abordaremos apenas o CmapTools.
O CmapTools apresenta uma interface muito simples que permite criar mapas conceptuais. Estes podem ser posteriormente partilhados e editados por outros utilizadores, publicados numa página na internet, incluindo links para outras páginas, e muitas outras funcionalidades. Para evitar problemas de fraude académica ou plágio, pode-se pedir ao estudante que grave todo o processo de construção do mapa, o que permite avaliar não só o produto final mas todo o processo que a ele conduziu.
Assumindo a conceptualização como uma das competências fundamentais da filosofia, a utilização de mapas conceptuais, como estratégia didática ou como estratégia de avaliação, é uma hipótese a considerar. Podem ainda ser utilizados para fazer uma apresentação sobre determinados conteúdos (por exemplo, recorrendo ao software Prezi ou simplesmente usados como imagem, como infografia) ou ainda para fazer resumos das matérias estudadas. Utilizado como meio de diagnóstico, permite ao estudante (e ao professor) avaliar o conhecimento que tem acerca dos conceitos em estudo. Eis o exemplo de uma aluna, em 2015, da Escola Secundária Garcia de Orta, com mapas conceptuais construídos com esta ferramenta:
Em filosofia, pode-se considerar que
Os [mapas conceptuais] facilitam a interligação das matérias, tornam o ensino da Filosofia mais apelativo, permitindo aos alunos visualizar os conteúdos meramente expostos ou reproduzidos através da leitura de textos filosóficos clássicos. (Aires, 2014)
De facto, os mapas conceptuais permitem compreender a relação entre os conceitos, mas também o contraste, a diferença que existe entre eles, num exercício simultâneo de depuração da linguagem e de conceptualização. Para aqueles que, com Izuzquiza, Gallo e Deleuze, encaram a aula de filosofia como um laboratório conceptual, a utilização de mapas conceptuais assume uma relevância particular; mas mesmo os professores que prefiram colocar a ênfase na problematização e na argumentação encontram nos mapas conceptuais uma estratégia didática muito útil.
[2] Cf. https://www.mindjet.com/mindmanager/
[3] Cf. https://sourceforge.net/projects/freemind/