Dado que nem a autoridade nem a prova empírica são decisivas, como fazemos?
Como foi atrás sugerido, o método que muitos filósofos contemporâneos usam é o que Rawls chama equilíbrio reflectido. Este método convida-nos a abordar questões sobre a moralidade, e questões filosóficas em geral, da seguinte maneira. Tomando um tema como a justiça, ou o castigo, ou a mentira, listamos a princípio os nossos juízos sobre casos particulares específicos, e vemos se todos eles se adaptam de forma consistente. Onde concluirmos que não se adaptam, rejeitamos os juízos nos quais temos menor confiança (por exemplo, aqueles em que temos razões para suspeitar de que há um elemento de interesse próprio a pressionar-nos no sentido desse juízo). Listamos também os princípios gerais, ou regras, que achamos adequados a cobrir casos, e procuramos ver se esses princípios também se encaixam, rejeitando uma vez mais os princípios nos quais temos menos confiança. Depois olhamos para os juízos e para os princípios à luz uns dos outros – adaptam-se uns aos outros? Parecerão alguns dos princípios menos plausíveis à luz do peso dos juízos, ou vice-versa?
Claro que tudo o que este método nos dá, na melhor das hipóteses, é uma série consistente de juízos. Mas se nos empenharmos colectivamente no processo, em conversa com outras pessoas tão racionais como nós, podemos ter cada vez mais confiança na verdade dos resultados. Outras pessoas podem trazer conclusões de que não nos apercebemos; podem alertar-nos para fraquezas dos nossos próprios julgamentos; podem obrigar-nos a pensar mais e melhor. Se convergirmos em conclusões sobre determinados casos com pessoas com quem de outra forma discordamos bastante, deveremos ter ainda mais confiança nos nossos juízos. Não podemos nunca ter a certeza de termos chegado a uma visão final e verdadeira da justiça, ou do castigo, ou da mentira. Mas este método permite-nos pelo menos fazer alguns progressos.
Como foi atrás sugerido, o método que muitos filósofos contemporâneos usam é o que Rawls chama equilíbrio reflectido. Este método convida-nos a abordar questões sobre a moralidade, e questões filosóficas em geral, da seguinte maneira. Tomando um tema como a justiça, ou o castigo, ou a mentira, listamos a princípio os nossos juízos sobre casos particulares específicos, e vemos se todos eles se adaptam de forma consistente. Onde concluirmos que não se adaptam, rejeitamos os juízos nos quais temos menor confiança (por exemplo, aqueles em que temos razões para suspeitar de que há um elemento de interesse próprio a pressionar-nos no sentido desse juízo). Listamos também os princípios gerais, ou regras, que achamos adequados a cobrir casos, e procuramos ver se esses princípios também se encaixam, rejeitando uma vez mais os princípios nos quais temos menos confiança. Depois olhamos para os juízos e para os princípios à luz uns dos outros – adaptam-se uns aos outros? Parecerão alguns dos princípios menos plausíveis à luz do peso dos juízos, ou vice-versa?
Claro que tudo o que este método nos dá, na melhor das hipóteses, é uma série consistente de juízos. Mas se nos empenharmos colectivamente no processo, em conversa com outras pessoas tão racionais como nós, podemos ter cada vez mais confiança na verdade dos resultados. Outras pessoas podem trazer conclusões de que não nos apercebemos; podem alertar-nos para fraquezas dos nossos próprios julgamentos; podem obrigar-nos a pensar mais e melhor. Se convergirmos em conclusões sobre determinados casos com pessoas com quem de outra forma discordamos bastante, deveremos ter ainda mais confiança nos nossos juízos. Não podemos nunca ter a certeza de termos chegado a uma visão final e verdadeira da justiça, ou do castigo, ou da mentira. Mas este método permite-nos pelo menos fazer alguns progressos.
Harry Brighouse, «Porque é que uma clínica de discussão é menos tonta do que uma clínica de insultos ou uma clínica de contradições?» in A filosofia segundo Monty Python, Gary Hardcastle e George Reisch, tr. José Pedro Barreto, Estrela Polar, pp. 70, 71.
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