A liberdade e a responsabilidade são conceitos inerentes à consciência moral. A consciência moral, com efeito, é condição necessária da moralidade, enquanto intuição (e discriminação) de valores. Mas não é condição suficiente. Ela exige, por um lado, a liberdade, como faculdade de querer ou não querer, como possibilidade de fazer ou não fazer; e determina, por outro, a responsabilidade, como «obrigação de suportar as consequências do que livre e conscientemente quisermos ou fizermos».
1) Liberdade e acto moral. – A liberdade é pois, com a consciência, a condição inseparável da moralidade. Um acto que não seja simultaneamente consciente e livre, isto é: que não dependa de mim fazer ou evitar, ou cujas consequências não posso prever, é um acto que não é meu, que, moralmente, me não pertence. Ê, digamos, um acto que sai de mim, mas não procede de mim. Um tal acto pode ser bonito ou feio, benéfico ou nocivo, mas não é moral ou imoral.
Caro Sérgio, cheguei ao seu blogue através do ProfBlog do Ramiro Marques, e logo deparei com uma coincidência interessante: no último texto que publiquei no meu blogue apresento justamente a comparação de duas distopias – Nineteen Eighty-Four de George Orwell e 1985 de Anthony Burgess, em que se descrevem dois sistemas políticos que negam, respectivamente, a liberdade do indivíduo de afirmar que dois mais dois são quatro e a possibilidade do indivíduo fazer escolhas morais.
Se bem li o seu texto, é desta segunda liberdade que ele trata. Daqui as três perguntas que lhe deixo: não acha que deve haver, para além da liberdade moral, a liberdade intelectual de interpretar o Mundo? Serão estas duas liberdades separáveis uma da outra? E por fim: acha que as políticas educativas das últimas décadas respeitam, quer uma, quer outra?