A questão de fundo é: podemos ser bons sem Deus? Necessitamos da crença em um ser superior para nos comportarmos de modo correcto? Lane Craig é professor de Filosofia na Houston Baptist University, nos EUA, e tem-se destacado pelo seu trabalho em estudos metafísicos e de Filosofia da Religião. Craig coloca o seguinte problema filosófico: Are the values we hold dear and guide our lives by mere social conventions akin to driving on the left versus right side of the road or mere expressions of personal preference akin to having a taste for certain foods or not? Or are they valid independently of our apprehension of them, and if so, what is their foundation? Moreover, if morality is just a human convention, then why should we act morally, especially when it conflicts with self-interest? Or are we in some way held accountable for our moral decisions and actions?
São os valores morais convenções sociais e, como tal, dependentes de preferências, ou ultrapassam-nas?
Craig argumenta que se Deus existe, a objectividade dos valores morais está assegurada mas, na sua ausência, a moralidade não passa de uma convenção social, sujeita à subjectividade e pluralidade de interpretações, bem como de enviesamento para defesa de interesses pessoais. Além disso, Craig considera que se Deus não existir, as acções morais deixam de contar como boas ou más. E, considerando que a moralidade precisa de ser objectiva, então temos terreno fértil para admitir a existência de Deus.
Não deixa de ser interessante que Craig procure fundamentar a moralidade na existência de Deus ao mesmo tempo que assegura a sua existência pela necessidade de tornar a moralidade objectiva. Falácia de petição de principio?
Em contrapartida, Craig afirma que, em primeiro lugar, if atheism is true, objective moral values do not exist. If God does not exist, then what is the foundation for moral values? More particularly, what is the basis for the value of human beings? If God does not exist, then it is difficult to see any reason to think that human beings are special or that their morality is objectively true. Moreover, why think that we have any moral obligations to do anything? Ou seja, os ateístas carecem de fundamento para a manutenção de valores morais de carácter objectivo já que, de acordo com Craig, não podem recorrer à figura da autoridade divina. Deste modo, não possuem qualquer razão ou mesmo obrigação de agir moralmente. Mas será mesmo assim? Este excluir de um fundamento moral não é simplesmente fechar os olhos a uma cultura humanista de respeito puro pelos Direitos Humanos? Preciso de Deus para agir moralmente e se não crer n’Ele, não sou capaz de agir correctamente? Como explicar então o comportamento imoral dos crentes? Simples desobediência às regras morais, numa lógica de livre-arbítrio? E que explicação dar ao comportamento socialmente correcto dos ateus? Puro acaso ou simplesmente resultado de uma educação para valores humanistas?
O artigo na íntegra de Craig encontra-se aqui: http://www.reasonablefaith.org/can-we-be-good-without-god