4.1 Metodologias: Trabalho colaborativo e comunidades de investigação

Capítulo 4 – Ferramentas para ensinar e estudar Filosofia

 

São muitas as ferramentas tecnológicas que existem para as atividades educativas. O texto que se segue não pretende, de forma alguma, considerar todas as alternativas disponíveis, mas apenas enunciar algumas aplicações práticas dessas mesmas ferramentas.

 

4.1 Metodologias: Trabalho colaborativo e comunidades de investigação

 

A aprendizagem coooperativa pode ser definida nestes termos:

 

Cooperative learning is the instructional use of small groups in which students work  together to maximize their own and each other’s learning. Cooperative learning may be differentiated from pseudo groups and traditional classroom learning groups. There are three types of cooperative learning: formal cooperative learning, informal cooperative learning, and cooperative base groups. The basic elements that make cooperation work are positive interdependence, individual accountability, promotive interaction, appropriate use of social skills, and periodic processing of how to improve the effectiveness of the group. (Johnson, 1999)

 

Seguindo de perto este autor, existem vários tipos de aprendizagem cooperativa. Em grupos formais os estudantes trabalham em uma ou mais aulas para atingir determinados objetivos com tarefas individuais e grupais específicas. Em grupos informais os estudantes trabalham juntos temporariamente, por exemplo durante um debate, para atingir objetivos comuns. O trabalho cooperativo em grupo consiste na elaboração de um trabalho durante um longo período de tempo, como um trimestre ou período letivo, sendo a relação de cooperação, entreajuda, assistência e encorajamento dentro do grupo fundamental para alcançar os objetivos.

 

Morais et allia (2015) abordam o ensino de competências argumentativas em Filosofia através do método “controvérsia construtiva”. A controvérsia construtiva é uma modalidade de aprendizagem cooperativa em que os alunos são confrontados com um problema filosófico em relação ao qual existem pelo menos duas teorias ou posições incompatíveis entre si. Os alunos, ou grupos de alunos, terão de avaliar os argumentos, propor objeções, elaborar contraexemplos e refutar as teses em confronto, construindo uma síntese integradora. Este tipo de trabalho permite desenvolver competências de pensamento crítico através da aplicação de competências argumentativas.

 

A controvérsia construtiva exige alguma preparação por parte do professor e dos alunos (…): numa primeira fase o professor forma os grupos de trabalho, estabelece os objetivos de aprendizagem, escolhe o tema de estudo e prepara os materiais de ensino; numa segunda fase, explica a tarefa aos alunos, indica os critérios de sucesso e os comportamentos esperados; o professor controla a discussão realizada nos grupos, intervém sempre que necessário e zela pelo bom andamento do trabalho. Inicialmente os alunos têm um elevado grau de confiança na sua tese, nas informações que recolheram e nas suas experiências (congelamento epistémico). Quando são confrontados com perspetivas diferentes e de igual modo bem fundamentadas, aumenta a incerteza quanto à justeza da sua posição inicial (descongelamento epistémico) e instala-se um conflito cognitivo que motiva a procura de mais informações e de uma perspetiva mais adequada (curiosidade epistémica).

(Morais, 2015)

 

Os Quadros Interativos Multimédia (QIM) são grandes quadros digitais, como um grande monitor de computador. O ecrã é um touchscreen gigante, interface através da qual é possível fazer apresentações e resolver exercícios previamente construídos. Aquando do Plano Tecnológico da Educação português, em 2007[1], milhares de QIM foram instalados nas salas de aula nacionais, à semelhança do que aconteceu em vários outros países, como Inglaterra[2] Os QIM permitem de facto criar apresentações interativas, os chamados flipcharts, mediante os quais se estruturam exercícios que podem ser resolvidos pelos estudantes na sala de aula através de um pointer (“apontador” ou “caneta” próprios para o efeito). Aparentemente, os quadros interativos potenciam a colaboração e a interação entre os estudantes, mas surgiram várias críticas ao projeto. Por exemplo, num artigo publicado no Washington Post[4] criticava-se o facto de se tratar de uma tecnologia do século XX com modelos pedagógicos do século XIX, isto é, um recurso tecnológico sofisticado que perpetua o modelo de aula magistral, e pelo facto de representar um negócio de vários milhões de dólares com as empresas promotoras, sem evidência empírica que demonstrasse a eficácia educativa destes dispositivos.

[1] Disponível para consulta em  http://www.dgeec.mec.pt/np4/243.html

[2] Cf. https://archive.is/20120731051849/http://www.btinternet.com/~tony.poulter/IWBs/research.htm

[4] Cf. http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2010/06/10/AR2010061005522.html

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