Captain Fantastic e a Luta entre Paradigmas de Vida

Captain Fantastic é um filme deste ano, escrito e realizado por Matt Ross, que retrata de modo directo, sem subterfúgios, o confronto entre paradigmas de vida protagonizado, por uma família pouco convencional que resiste ao consumismo, baseando a sua existência na filosofia de Chomsky e no ideal da República de Platão.

Ben (Viggo Mortensen) tentar criar a sua família de seis filhos no meio das montanhas, habituando-os a um estilo de vida onde o treino físico é acompanhado de uma intensa vida de estudo e de estímulos intelectuais. O seu objectivo é continuar o ideal de vida projectado em conjunto com a esposa, segundo o qual é possível viver à parte do capitalismo e da frivolidade que caracterizam a sociedade. O falecimento trágico e inesperado da companheira leva Ben a desejar fazer cumprir o testamento por ela deixado no qual registava o desejo de ser cremada, dado ser budista. Ora, este desejo vai contra a tradição católica do sogro, que proíbe terminantemente a presença de Ben nas cerimónias fúnebres.

Animados pelo desejo de fazer com que a mãe seja cremada, os filhos de Ben convencem-no a ir à cidade, o que despoleta uma viagem não só em termos de distância, mas cultural na qual as crianças se vêem perante um mundo que lhes é estranho e para o qual não se revelam preparadas, não só em termos alimentares, como em termos de subtilezas, costumes e, sobretudo, valores.

Um interessante filme que nos leva a pensar sobre o que é certo ou errado na forma como nos posicionamos perante o mundo consoante os ideais em que acreditamos e até que ponto temos legitimidade para impormos uma mundivisão, por muito que dela estejamos certos.

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