
O condicionamento da liberdade pela vida é, pois triplo: condicionamento psicobiológico, ‘naturalização’ da liberdade, pois esta não é a despedida da natureza, mas emerge precisamente da natureza; condicionamento pela situação; agora já não está nas minhas mãos dar à minha vida uma orientação perfeitamente possível há vinte anos. A situação concreta rouba-nos uma porção de possibilidades e impõe-nos um conjunto de deveres iniludíveis. Cada homem podia ter sido muito diferente do que é, mas passou já a oportunidade para que tal acontecesse. E, finalmente, em terceiro lugar, condicionamento pelo habitus. Os hábitos que contraímos restringem a nossa liberdade, impelem‑nos para estes ou aqueles actos. (…)
A natureza, o hábito e a situação cerceiam de modo triplo a nossa liberdade actual. Podem chegar a anulá-la? Não. A liberdade está inscrita na natureza, mas em maior ou menor medida – mas nem todos os homens dispõem de igual força de liberdade, de igual força de vontade – transcende-a sempre. E é justamente neste ser transnatural que consiste ser homem.
A natureza, o hábito e a situação cerceiam de modo triplo a nossa liberdade actual. Podem chegar a anulá-la? Não. A liberdade está inscrita na natureza, mas em maior ou menor medida – mas nem todos os homens dispõem de igual força de liberdade, de igual força de vontade – transcende-a sempre. E é justamente neste ser transnatural que consiste ser homem.
José Luis Aranguren, Ética, Madrid, Alianza Editorial, 1985.
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