David Hume – Das ideias da memória e da imaginação

Constatamos pela experiência que, quando uma impressão esteve na mente, volta lá a aparecer sob a forma de ideia, podendo isto acontecer de duas maneiras diferentes: ou ela, no seu novo aparecimento, conserva um grau considerável de vivacidade primitiva, sendo algo intermédio entre impressão e ideia; ou perde totalmente essa vivacidade e é uma ideia perfeita. As faculdades mediante as quais repetimos as nossas impressões de cada uma destas maneiras, chamam-se respectivamente MEMÓRIA e IMAGINAÇÃO. É imediatamente evidente que as ideias da memória são muito mais vivazes e mais fortes do que as da imaginação, e que a primeira destas faculdades pinta os seus objectos com cores mais nítidas do que as empregadas pela segunda. Quando recordamos um acontecimento passado, a ideia dele penetra na mente com força; enquanto que na imaginação a percepção é ténue e apagada e não é sem dificuldade que a mente a pode conservar, por tempo considerável, firme e uniforme. Aqui temos uma diferença sensível entre uma e outra espécie de ideias.
David Hume, Tratado da Natureza Humana, tr. Serafim Fontes, Gulbenkian, p. 37. (Livro I, Secção III)
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