Todos admitirão prontamente que existe uma diferença considerável entre as percepções (perceptions) da mente, quando um homem sente a dor de um calor excessivo ou o prazer de um ardor moderado, e quando ele depois traz à memória a sua sensação (sensation) ou a antecipa mediante a sua imaginação (imagination). Estas faculdades podem mimar ou copiar as percepções dos sentidos, mas nunca podem inteiramente atingir a força e a vivacidade do sentimento (sentiment). (…) O mais vivo pensamento (thought) é ainda inferior à mais baça sensação (sensation). (…)
Podemos, pois, dividir aqui todas as percepções da mente em duas classes ou tipos, que se distinguem pelos seus graus de força e vivacidade. As menos intensas e vivas são comummente designadas Pensamentos (thoughts) ou Ideias (ideas). O outro tipo carece de um nome na nossa linguagem e em muitas outras; (…) chamemos-lhes Impressões (impressions), empregando esta palavra num sentido um tanto diverso do habitual. Pelo termo impressão significo todas as nossas percepções mais vivas, quando ouvimos, vemos, sentimos, amamos, odiamos, desejamos ou queremos. E as impressões distinguem-se das ideias, que são as impressões menos intensas, das quais somos conscientes quando reflectimos sobre qualquer das sensações ou movimentos acima mencionados.
David Hume, Investigação sobre o entendimento humano, tr. Artur Morão, Ed. 70, pp. 23, 24
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