Este é o primeiro vídeo de um curso massivo online disponibilizado pela Universidade Federal de Pelotas pelo sistema Open Learning.
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O Ensino de Filosofia e sua Transposição Didática (Profª. Drª. Kelin Valeirão – UFPEL)
Começa-se por considerar que a didática se refere à eficiência no ensino: como proceder para que os alunos aprendam mais? A este propósito são referida duas obras:
- Descartes, Discurso do Método, com regras para a condução dos espírito;
- Comenius, Didática Magna, com regras de universalização do ensino.
Considera-se que a didática é a tentativa de fazer com que o professor ensine “menos” e o aluno aprenda “mais”.
A questão central deste curso é a de saber como é que os conhecimentos científicos se tornam conhecimentos escolares. Essa transposição didática é a fabricação, a criação de um objeto de ensino.
São então distinguidas três linhas orientadoras (“epistemologias”) que historicamente perpassam a educação escolar:
- Transmissão de conhecimento
- Relação dialética Professor-Aluno
- Relações poder – linguagem – discurso
Classicamente, existe uma relação sujeito-objeto: o professor e o aluno, o transmissor do conhecimento e o seu receptáculo. Esta epistemologia dualista pode ser representada por várias correntes, tais como o empirismo e o racionalismo.
No Brasil, por volta dos anos 80/90, vinculada à Pedagogia Crítica, surge um terceiro termo da relação: não apenas professor/aluno, mas também a relação com o conhecimento. Continua a distinguir-se entre um aluno cognoscente, que pode conhecer, enquanto o professor é a ponte que liga o aluno ao conteúdo a ser aprendido, o cognoscível.
A 3.ª epistemologia é a epistemologia da compreensão: ensinar é interpretar. A linguagem, na senda de Gadamer, surge como aquilo que instaura sentido.
O grande dilema do ensino da Filosofia é que de um lado encontramos o professor monólogo, que não abdica da precisão dos deus conceitos e da pureza dos conteúdos filosóficos; geralmente os alunos nada compreendem das aulas e limitam-se a admirar a sapiência do professor. Do outro lado temos o “professor senso comum”, que parte da realidade do aluno mas não consegue avançar para os conhecimentos filosóficos, que propõe debates e utiliza elementos próximos das vivências dos alunos, mas nunca consegue atingir os conteúdos especificamente filosóficos.
Pergunta-se, então, quais são as reais funções do professor, recomendando para tal o texto de Bertrand Russell “As funções do professor”.