O Público noticia hoje que
No secundário, o exame de Filosofia, que se realiza nesta segunda-feira, passou desde 2014 a figurar entre as oito provas mais concorridas, destronando Geometria Descritiva deste pódio. O exame nacional de Filosofia foi reintroduzido no final do 11.º ano em 2012, depois de uma supressão de quatro anos, e os alunos podem optar por realizá-lo em vez da prova de uma das disciplinas bienais da componente específica. Por exemplo, em vez das disciplinas de Biologia e Geologia ou Física e Química A. Estes são dois dos exames que habitualmente têm piores resultados.
A possibilidade de substituir um deles pelo de Filosofia poderá explicar em parte a redução acentuada de inscritos para as provas de Biologia e Geologia (menos cerca de sete mil alunos), marcada para dia 22, e de Física e Química A (menos cerca de quatro mil), que se realiza no dia 18.
A notícia pode parecer muito atrativa para os professores de Filosofia: o número de alunos a pretender realizar o exame tem crescido todos os anos e isso cria a ilusão de um súbito interesse pela disciplina, depois de uma “supressão” do exame durante quatro anos.
O problema é que os estudantes não estão a escolher Filosofia porque com esse exame passam a dispor de mais uma prova específica, mas apenas porque a disciplina é uma alternativa para fugir de um mal maior. Isso não é bom. Em vez de ser um fim em si mesmo, o exame converte-se num simples meio para atingir outro fim. E isso é meio caminho andado para a sua extinção.
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Published by Sérgio Lagoa
Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1995, é Professor no Ensino Secundário desde 1994/5 e Formador de professores, com o registo CCPFC/RFO-38329/17.
Mestre em Ensino de Filosofia (Faculdade de Letras da Universidade do Porto).
Mestre em Pedagogia do e-learning (Universidade Aberta).
Site pessoal: http://sergiolagoa.wordpress.com .
Coeditor do site Mil Folhas -- http://www.milfolhas.net
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