
Nesta sessão, as crianças foram convidadas a reflectir sobre as razões que levam alguém a roubar, as consequências do roubo e se haveria circunstâncias em que roubar passaria a ser um acto justificável e aceitável socialmente.
Todas as crianças anuíram quanto ao facto de encontrar algo não constituir roubo. Porém, quando foi introduzida a variante de encontrar algo, ficando com ele, mesmo sabendo a quem pertence, já não houve consenso.
“E pedir algo emprestado e não devolver? É roubar? E se eu não devolver porque me esqueço? E se for de propósito?”
Estas variantes na formulação das questões desenvolvem na criança a necessidade de perspectivar diferentes abordagens face à mesma acção, levando-as a pensar.
“E poderá haver circunstâncias em que não faz mal roubar?” As crianças deram largas às ideias e passaram para o papel coisas que consideravam passíveis de serem roubadas ou tomadas sem que daí adviesse alguma forma de repreensão.
A partir destes desenhos, foi possível analisar a diferença entre as coisas que são importantes para nós por constituírem uma necessidade e outras por não passarem de desejos.
“E se tivéssemos muita, muita fome, não tivéssemos dinheiro para comprar comida nem qualquer forma de a arranjar para sobreviver, seria justo roubar?”
As respostas dividiram-se, com algumas crianças a fincarem pé quanto à ilegalidade do roubo, mesmo perante necessidades fundamentais de cuja satisfação depende a sobrevivência, ao passo que algumas se apercebem da diferença.
“E se, com fome, eu roubar um chocolate em vez de um pão? Acham que deveria merecer maior castigo?”
A diferença entre necessidades e desejos salta agora em força: roubar chocolates com fome é muito mais reprovável socialmente que roubar pão. A não ser numa interessante resposta: “roubar chocolates é muito pior porque faz mal aos dentes!” 🙂