“Io Sono”: escultura invisível de Salvatore Garau vendida em leilão por 15 mil euros

Foi leiloada uma obra imaterial, invisível, que só existe na imaginação do artista italiano Salvatore Garau. Pode não parecer, mas esta imagem em branco é uma obra e foi a leilão.

O criador Salvatore Garau descreveu-a como: “Escultura imaterial para ser colocada numa casa particular dentro de um espaço livre e com dimensões variáveis”.

Com um valor base de licitação de seis mil euros, a escultura com o nome “Eu sou” só existe na imaginação do artista. Fez parte do catálogo da leiloeira Art-Rite de Milão e atingiu os 15 mil euros. A única prova física da aquisição do novo proprietário é apenas um certificado de autenticidade, assinado por Garau.

No passado mês de fevereiro, o artista italiano apresentou Buda em Contemplação, uma outra obra invisível, na Piazza della Scala em Milão. Já “Aphrodite Crying” pode ser vista em Nova Iorque. Estas obras fazem parte de um conjunto de sete que vão ser instaladas em várias cidades do mundo.

Aos 68 anos, Salvatore Garau é um dos nomes mais conhecidos da arte contemporânea em Itália. As obras do artista já foram apresentadas em várias edições da exposição internacional Bienal de Veneza.

Fonte: https://sicnoticias.pt/cultura/2021-06-04-Escultura-invisivel-de-Salvatore-Garau-foi-vendida-em-leilao-por-15-mil-euros-fe740b5b

“Io Sono”. A escultura invisível, de Salvatore Garau, que foi vendida por 15 mil euros

Salvator Garau sente-se atraído pelo que os olhos não veem: quer explorar o que todos os sentidos conseguem fazer em conjunto. A obra encontra-se para além da matéria.

Salvatore Garau, artista italiano, faz referência ao Principio da Incerteza de Heisenberg, um físico que recebeu o Prémio Nobel da física em 1932

O vazio “não é nada mais do que um espaço cheio de energia“. A explicação é de Salvatore Garau, um artista italiano que vendeu uma escultura imaterial, de nome Io Sono, num leilão, por 15.000 euros. A obra suscitou críticas, mas o artista defende a sua criação e o significado: O poder da mente e o vazio.

A escultura (não) existe. É uma obra que está para além do corpo, da matéria: “A minha fantasia, treinada por toda a vida para sentir o que existe ao meu redor de maneira diferente, permite-me ver o que aparentemente não existe”, disse Salvatore numa entrevista à Art-Rite. O artista tenta explicar que o vazio não é sinónimo de opacidade. É caótico: implica um mundo de emoções, positivas e negativas, campos eletromagnéticos, neutrões — tudo de acordo com o Princípio da Incerteza de Heizenberg, um físico que recebeu o Prémio Nobel da física em 1932. Um intelectual que Salvatore leu “com entusiasmo”, diz.

Eis a o que acontece: se o artista determina que “num determinado espaço” expõe “um escultura imaterial, esse espaço vai atrair a atenção e o pensamento das pessoas”. Salvatore está no fundo a brincar com a mente das pessoas, ao conseguir focar “centenas de pensamentos voltados para um ponto”. Assim, a magia acontece: nasce uma escultura com centenas de formas singulares — cada uma na cabeça das pessoas, única. Salvatore deixa a comparação: “Não moldamos um Deus que nunca vimos? Muitos não sabem que têm uma imaginação sem limites!”.

Salvatore Garau sente-se atraído pelo que os olhos não veem: quer explorar o que todos os sentidos conseguem fazer em conjunto e, com isso, tornar visível “um pensamento de espaço inexistente”. A “ausência é a protagonista absoluta dos tempos que vivemos” — a premissa que leva o artista a criar para além do físico. É com tudo que o artista cria o nada. No seu processo criativo, o pensamento é a primeira parte do trabalho, ao qual Salavatore dá o maior foco. Ainda assim, a sua obra tem sido alvo de diversas críticas nas redes sociais.

Fonte: https://observador.pt/2021/06/02/lo-sono-uma-escultura-invisivel-que-foi-vendida-por-15-000-mil-euros-de-salvatore-garau/

 

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