John Rawls (1921-2002)

Assinalam-se hoje onze anos do falecimento de John Rawls, o pensador mais relevante do século XX em Filosofia Social e Política. Tão importante foi o seu trabalho e as repercussões que teve no domínio da filosofia política que se pode dizer que existe nesta área filosófica um antes e um depois de Rawls. João Cardoso Rosas [Rosas, 2012] identifica mesmo uma forma de fazer filosofia política pós rawlsiana, considerando existir uma espécie de paradigma de reflexão rawlsiano nesta área filosófica. Paradigma não programático, mas de índole, digamos, metodológica. O que o caracteriza é uma ligação estreita da reflexão à realidade, à exequibilidade das propostas teóricas. Não num sentido platónico, em que o filósofo estaria num posto demiúrgico entre a verdade e a aplicação social de medidas políticas, mas num sentido contratualista, em que a justificação política é um trabalho de todos.
Assim se entende melhor uma outra característica desta abordagem reflexiva: é uma atividade de «problem-solving», de resolução de problemas com uma orientação prática muito clara. Este paradigma rawlsiano de reflexão filosófica sobre a política apresenta se como uma reconciliação entre o pluralismo social e as instituições da sociedade que devem proteger e promover essa diversidade. Dessa forma poder-se-á entender a afirmação de que a filosofia política «perscruta os limites da possibilidade social», visitando as fronteiras entre o que existe e o que deve existir. Sem cair em utopismos, esta busca não deve perder de vista a mencionada exequibilidade: cada ideia deve ser suficientemente razoável para que a sua implementação seja expectável.
Esta forma de fazer Filosofia Política não se restringe a Rawls, mas também não é universalmente adoptada. Mas o mais curioso é que se pensarmos na obra de autores como Sandel, Walzer, Nozick ou o próprio Rawls, iremos notar que as caraterísticas acima resumidas se encontram neles plasmadas claramente.
Referência: João Cardoso Rosas, «A filosofia política e o futuro indefinido» in Futuro indefinido: Ensaios de filosofia política, Braga, Húmus, 2012, pp. 11-27.
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