{Entrevista ao jornal Público}
«Em 1996, lançou O Descontentamento da Democracia, um olhar de fôlego para a história americana e as raízes da insatisfação, que hoje parece crónica, dos cidadãos com os políticos e o estado de coisas. No livro, que, na reedição que agora chega a Portugal, Sandel actualizou para chegar à era Trump, o filósofo debruça-se sobre o velho debate que põe em tensão a economia e o autogoverno dos cidadãos. Em vários momentos da história americana temeu-se que o crescente poder das empresas significasse um desempoderamento dos cidadãos. A partir desta pesquisa, Sandel critica a actual vida colectiva, que diz ter sido esvaziada de energia cívica e moral por décadas de globalização neoliberal, o que alimentou ressentimentos e os populistas que deles bebem.
O antídoto? Recuperar o autogoverno, fazer com que os cidadãos sintam que a sua opinião conta, acredita. Movimentos como o Black Lives Matter e os jovens pelo clima dão-lhe esperança. Já a
possibilidade de um segundo mandato presidencial de Trump “é muito preocupante”.» (Pedro Rios)