Para definir Arte seria preciso definir Vida; o mesmo é dizer que é impossível definir Arte. todos os esforços neste sentido têm conduzido, invariavelmente, a resultados nulos – fracasso confessado por muitos filósofos da estética. (…)
Deixemos pois de lado esta questão para seguirmos outro caminho, o estudo tectónico do conceito de arte.
Por tectónica de um conceito entendemos o estudo da sua arquitectura própria. Todo o conceito, com efeito, é construído: e a construção do conceito conduz à sua tectónica, e é esta tectónica que, a nosso ver, o define.
Abel Salazar, Que é Arte?, Campo das Letras, 2003, p. 35.
Para verificar o facto de que o parágrafo inicial deste texto – e ideia propagada de que é impossível definir ‘obra de arte’- é pelo menos desfasado da realidade da investigação actual em filosofia da arte, aconselha-se a leitura, por exemplo, da Parte I de “Artworks: Definition, Meaning, Value”, de Robert Stecker, onde é defendida uma definição que está bem perto de ser completamente imune às principais objecções. “Defining Art Historically”, de Jerrold Levinson, é um artigo no mesmo sentido.
Caro António,
Tem toda a razão. No entanto, o nosso objectivo é “carregar” a página com vários textos didacticamente acessíveis e exequíveis no actual panorama da filosofia no ensino secundário. Infelizmente não temos tido o tempo que desejamos, pelo que outros textos estão agendados há vários meses sem, contudo, terem sido ainda publicados. à medida que o forem, essas lacunas poderão desaparecer ou serem minimizadas.
Cumprimentos,
Sérgio Lagoa