Sem pretendermos apresentar uma teoria geral do discurso filosófico, pensamos que é possível propor uma solução intermédia, nem demasiadamente comprometida com uma determinada problemática, nem directamente dependente, em excesso, duma teoria do discurso de frágeis fundamentos. Que direcção tomar para encontrar este método? Ele deve evitar reduzir o texto a uma única dimensão, por exemplo a agumentação ou a análise conceptual. A filosofia argumenta, mas não deve ficar reduzida à argumentação. Além do mais, esta dmensão nem sempre é visível: pode ser “trabalhada” através de outros modos de expressão, como a ironia, o sarcasmo de Nietzsche, ou a exortação e edificação de Epicteto.
Um texto é um conjunto complexo, não apenas dividido em secções e folhas, mas também prisioneiro duma linearidade característica do tempo e da escrita. Estas duas dimensões entrecruzam-se, graças a uma série de referências internas, que colocam numa co-presença ideal todos os momentos do desenvolvimento. A obra filosófica, quer se apresente sob a forma de um tratado dedutivo ou de aforismos brilhantes, é um todo que se constrói e se desfaz, aberto ao mundo e às teorias sobre o sentido, mas igualmente voltado para o universo a que ele prõrpio ~´a origem. É um conjunto móbil, animado de movimento interno, que apresenta uma rede de potencialidades discursivas, de acordo com regras e modalidades que podemos explicitar e analisar.
Frédéric Cossuta, Didáctica da Filosofia, Edições ASA
Blogue em http://paginasdefilosofia.blogspot.com
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A filosofia é sempre uma temática interessante.
Parabéns pelo blogue!