(…) Mas são as instituições democráticas que permitirão o progresso da sofística, tornando-a, de alguma maneira, indispensável: a conquista do poder exige, de agora em diante, o perfeito domínio da linguagem e da argumentação: não se trata apenas de ordenar, há também que persuadir e explicar. É por isso que os sofistas, como nota Jaeger, que saíram todos da classe média, foram, de uma maneira geral, mais favoráveis, parece, ao regime democrático. É claro que os seus alunos mais brilhantes foram aristocratas, mas foi porque a democracia escolheu, frequentemente, os seus chefes entre os aristocratas, e os jovens nobres que frequentavam os sofistas foram os que aceitaram submeter-se às regras das instituições democráticas: os outros desinteressavam-se da vida política.
Por outro lado, os sofistas foram profissionais do saber; os primeiros que fizeram da ciência e do ensino o seu ofício e meio de subsistência; neste sentido, inauguram o estatuto social do intelectual moderno. Parece terem-se interessado por todos os ramos do saber, da gramática à Matemática, mas estes filómates não procuravam a transmissão de um saber teórico: visavam a formação política de cidadãos escolhidos.»
G. Romeyer-Dherbey, Os Sofistas , Edições 70