O tema da nossa discussão atravessa praticamente todas as áreas de investigação e chegou mesmo a invadir a cultura em geral: onde acabam a compreensão e a justificação? Será que acabam em princípios objectivos cuja validade é independente do nosso ponto de vista, ou será que acabam no interior do nosso ponto de vista – individual ou partilhado –, de tal modo que, em última análise, mesmo os princípios aparentemente mais objectivos e universais derivam a sua validade ou autoridade da perspectiva e da prática daqueles que os adoptam? (…)
Como é possível que criaturas como nós, equipadas com as capacidades contingentes de uma espécie biológica cuja própria existência parece radicalmente acidental, possam ter acesso a métodos universalmente válidos de pensamento objectivo? É porque não parece possível responder a esta questão que as formas sofisticadas de subjectivismo continuam a aparecer na bibliografia filosófica – mas penso que não são mais viáveis do que o subjectivismo «grosseiro».
Thomas Nagel, A última palavra, tr. Desidério Murcho, Gradiva, pp. 11, 12.
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