A noção familiar de que o relativismo se refuta a si mesmo continua válida apesar da sua familiaridade: não podemos criticar algumas das nossas próprias pretensões racionais sem usar a razão noutro momento qualquer para formular e apoiar essas críticas. O resultado pode ser a restrição do domínio dos juízos racionalmente defensáveis, mas não o seu desaparecimento. O processo de submeter as nossas convicções, alegadamente racionais, ao diagnóstico e à crítica externos deixa inevitavelmente intacta, para conduzir o processo, uma forma qualquer da prática de primeira ordem do raciocínio. O conceito de subjectividade exige sempre um quadro de referência objectivo, no interior do qual se localiza o sujeito e se descreve a sua perspectiva especial ou o seu conjunto de razões. Não podemos abandonar completamente o ponto de vista da justificação, que nos leva a procurar fundamentos objectivos.
Thomas Nagel, A última palavra, tr. Desidério Murcho, Gradiva, p. 24.
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