A questão do relativismo axiológico

Em essência, o relativismo axiológico defende que os valores de uma pessoa ou de um grupo de pessoas são tão bons e tão válidos como os de quaisquer outras pessoas ou grupos; todos têm direito à sua própria opinião e, quando se refere a questões sobre o bem, o belo, a justiça, não há maneira de provar que uma opinião é melhor que a outra, isto é, os pontos de vista equivalem-se e devem, por isso, ser igualmente respeitados.O problema com o relativismo dos valores é a sua incapacidade para criar um método ou um critério satisfatório para resolver as situações de conflitos de valores, quer sejam interpessoais, que sejam intersociais. Colocado perante este problema, um relativista poderia argumentar que tal método ou tal critério não são necessários pois não há necessidade de procurar resolver tais conflitos porque qualquer pessoa apenas assume os valores que para si são os mais correctos e os melhores. O problema com este tipo de resposta é que, na vida concreta dos homens e das sociedades, ocorrem divergências de pontos de vista que geram conflitos para os quais não se pode deixar de encontrar uma solução. Questões como a guerra, a xenofobia e o racismo, o aborto, a preservação do meio ambiente e outras tantas questões do mesmo género, demonstram a existência de um certo tipo de conflitos de valores que não podem deixar de ter solução. A chantagem, a decisão da maioria e o emprego da força são alguns dos métodos que se podem adoptar para resolução de conflitos de valor. Um relativista poderia sempre defender qualquer um desses meios, mas teria que admitir que a decisão entre um ou outro meio para a resolução de conflitos de valores era apenas a sua opinião e por isso jamais poderia demonstrar que um dos métodos era mais certo e melhor. que qualquer dos outros.Talvez seja esta a razão que leva as teorias relativistas dos valores a ignorar ou evitar a questão fundamental que é a de como resolver, sem recurso à opressão e à arbitrariedade, os conflitos reais que se desenvolvem no interior da vida concreta dos homens e das comunidades. 

A. Lockwood, Visão Crítica sobre Clarificação de Valores)

Facebook Comments

2 Comments

  1. Seria demasiado exagero se perguntassemos sobre as diferentes formas de abordar os mesmos problemas, como liberdade, justiça, verdade, natureza, homem, moral, ética? de Aristóteles, Sócrates e Platão, passando pela Idade Média, Santo Agostinho e Santo Tomás de Aquino, chegando até John Locke, David Hume, Tomaz Hobbes, Kant, Hegel, Heiddeger e Husserl, a maneira como cada um tratou dos mesmos problemas filosóficos, poderíamos ou não cair na conclusão de que em função das diferenças existentes entre eles o relativismo é uma realidade!?

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Fica a saber como são processados os dados dos comentários.