Uma jovem recebe duas cartas no mesmo dia; uma contém um convite do seu namorado para ir a um concerto; a outra é um pedido de visita a uma criança doente num bairro extremamente degradada A jovem adora música e tem pavor de bairros miseráveis, de ruas pestilentas. Receia contrair doenças ou infecções. Contudo, vai visitar a criança e desiste do concerto, Porquê?
Porque o sentido do dever se sobrepõe ao prazer. Ora, o sentido do dever é em parte determinado pela natureza da jovem — pela sua hereditariedade — e, sobretudo, pelo meio, isto é, pela sua educação. Esta jovem foi bem-educada. A hereditariedade e a educação fizeram dela o que é e determinaram-na a fazer o que fez. Podemos dizer que a jovem escolheu o que fez, mas agiu conforme tinha sido ensinada, como era seu dever agir. Escolhemos, mas aquilo que motiva as nossas decisões está pré-determinado pela hereditariedade e pelo meio.
É ilusório pensar que podemos transcender ou elevar-nos acima do nosso património genético e da nossa educação. O ser humano não pode agir de modo diferente daquele que a sua hereditariedade e educação determinaram.
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