Não há, pois, conflito algum entre a razão e as paixões. A aparência de que ele existe provém de confundirmos o conflito entre as paixões violentas e as paixões calmas, como o apetite geral pelo bem, com um conflito entre a razão e as paixões. Daí a famosa observação provocativa de Hume: «A razão é e deve ser apenas a escrava das paixões, e jamais pode pretender qualquer outro ofício que não o de servi-las e obedecê-las.» Uma questão que essa observação suscita é: Por que «deve» e não «pode»?
John Rawls, História da filosofia moral, tr. Ana Aguiar Cotrim, Martins Fontes, p. 36
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