Gostaremos, de facto, de ser livres?, por Matt Ridley

transferir (1)Embora façamos homenagens verbais ao nosso amor ao livre-arbítrio, na hora da verdade agarramo-nos ao determinismo para nos salvarmos. (…) Assim o fazem todos os criminosos que utilizam a defesa de insanidade ou de responsabilidade diminuída.
Assim o fazem todos os cônjuges ciumentos que utilizam a defesa da insanidade temporária depois de terem assassinado o parceiro infiel. Assim o faz o parceiro infiel quando justifica a infidelidade. Assim o fazem todos os grandes empresários que utilizam a culpa da doença de Alzheimer quando acusados de fraude contra os accionistas. Assim o faz uma criança no recreio ao dizer que um amigo o obrigou a fazê-lo. Assim o faz cada um de nós quando voluntariamente alinhamos com uma sugestão subtil do terapeuta de que devemos culpar os nossos pais pela nossa infelicidade actual. Assim o faz um político que culpa as condições sociais pela criminalidade da zona. (…) Assim o fazem todas as pessoas que consultam o horóscopo. Em cada caso existe um abraço voluntário, feliz e agradecido ao determinismo. Longe de amarmos o livre-arbítrio, parecemos ser uma espécie que positivamente se precipita para o entregar sempre que pode.

 Matt Ridley, Genoma, Gradiva

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