A filosofia moral é escrita como se a sua história tivesse uma importância secundária ou acidental. Esta atitude parece resultar da crença que os conceitos morais podem ser examinados e compreendidos separados da sua história. Alguns filósofos até escreveram como se os conceitos morais fossem uma espécie de conceitos intemporais e imutáveis, necessariamente com as mesmas características ao longo da sua história, de tal forma que existe uma parte da linguagem à espera de ser investigada filosoficamente e que merece o nome de “a linguagem da moral”. (…) De facto os conceitos morais transformam-se conforme a vida social se transforma. Não escrevo deliberadamente «porque a vida social se transforma», já que isso pode sugerir que a vida social é uma coisa e a moralidade outra, e que existe apenas uma relação causal, externa e contingente entre elas. Isto é obviamente falso. Os conceitos estão incorporados nas, e são parcialmente constitutivos das, formas de vida social. (…) Compreender um conceito, agarrar o significado das palavras que o expressam é sempre aprender as regras que governam o seu uso, e portanto agarrar a função do conceito na linguagem e na vida social.
Alasdair MacIntyre, A short history of ethics, Routledge, pp. 1, 2.
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