O blogue Ponteiros Parados levanta uma discussão interessante: será a Sociologia uma disciplina com um cunho político ou ideológico?
Acrescentamos nós: nota-se algum tipo de tendência política ou ideológica nos programas de Filosofia, Área de Integração, Área de Estudo da Comunidade, Psicologia ou Cidadania e Profissionalidade, só para citar aqueles que mais próximos estão do Grupo 410?
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Published by Sérgio Lagoa
Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1995, é Professor no Ensino Secundário desde 1994/5 e Formador de professores, com o registo CCPFC/RFO-38329/17.
Mestre em Ensino de Filosofia (Faculdade de Letras da Universidade do Porto).
Mestre em Pedagogia do e-learning (Universidade Aberta).
Site pessoal: http://sergiolagoa.wordpress.com .
Coeditor do site Mil Folhas -- http://www.milfolhas.net
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3 Comments
Não lecciono Filosofia há três anos. Em contrapartida, se é que isto é uma contrapartida, tenho leccionado os vários sucedâneos da Filosofia e da Sociologia, como a Área de Integração, Cidadania e Profissionalidade e Área de Estudo da Comunidade.
Quanto a esta última, não tenho grandes dúvidas em afirmar que se trata de uma disciplina ideologicamente marcada. O exercício que proponho aos leitores é que consultem a bibliografia recomendada em cada um dos módulos programáticos: provavelmente, encontrarão algumas coincidências e redundâncias…
A disciplina tem um cunho ideológico muito forte que não deixa espaço para discussão crítica e racional. Há um discurso politicamente correcto sobre as minorias, as desigualdades, os desfavorecidos, blá blá blá. Não estando em desacordo com a necessidade de proteger as minorias – e gostaria que isto ficasse muito claro – não deixo simultaneamente de considerar que se educamos para os valores, então teremos de considerar com que critérios seleccionamos esses valores. Isto poderia levar-nos a uma outra discussão: a escola serve para educar ou para instruir? Mas isso dá pano para mangas.
Este problema é evidente na questão filosófica da justiça social. Faz parte do programa de filosofia, mas a maioria dos manuais esquece a defesa do Estado mínimo contra a visão do Estado Social. Se ensinamos a liberdade de expressão como valor da sociedade contemporânea, então todas as opiniões devem ser ponderadas e nenhuma deve ser «aconselhada». Catequese é noutro lugar! Eu, sendo um defensor do Estado Social, abordo Nozick e a sua defesa do Estado Mínimo procurando sempre não «evangelizar» os alunos na minha fé. Mas onde traçar o limite da neutralidade? É que existem valores que mesmo o prof. mais neutro não consegue evitar doutrinar.
Não lecciono Filosofia há três anos. Em contrapartida, se é que isto é uma contrapartida, tenho leccionado os vários sucedâneos da Filosofia e da Sociologia, como a Área de Integração, Cidadania e Profissionalidade e Área de Estudo da Comunidade.
Quanto a esta última, não tenho grandes dúvidas em afirmar que se trata de uma disciplina ideologicamente marcada. O exercício que proponho aos leitores é que consultem a bibliografia recomendada em cada um dos módulos programáticos: provavelmente, encontrarão algumas coincidências e redundâncias…
A disciplina tem um cunho ideológico muito forte que não deixa espaço para discussão crítica e racional. Há um discurso politicamente correcto sobre as minorias, as desigualdades, os desfavorecidos, blá blá blá. Não estando em desacordo com a necessidade de proteger as minorias – e gostaria que isto ficasse muito claro – não deixo simultaneamente de considerar que se educamos para os valores, então teremos de considerar com que critérios seleccionamos esses valores.
Isto poderia levar-nos a uma outra discussão: a escola serve para educar ou para instruir? Mas isso dá pano para mangas.
Um bom espaço para dar pano às mangas pode ser este grupo de discussão no facebook: http://www.facebook.com/profile.php?id=621435713#/group.php?gid=100748431382&ref=ts
Este problema é evidente na questão filosófica da justiça social. Faz parte do programa de filosofia, mas a maioria dos manuais esquece a defesa do Estado mínimo contra a visão do Estado Social. Se ensinamos a liberdade de expressão como valor da sociedade contemporânea, então todas as opiniões devem ser ponderadas e nenhuma deve ser «aconselhada». Catequese é noutro lugar! Eu, sendo um defensor do Estado Social, abordo Nozick e a sua defesa do Estado Mínimo procurando sempre não «evangelizar» os alunos na minha fé.
Mas onde traçar o limite da neutralidade? É que existem valores que mesmo o prof. mais neutro não consegue evitar doutrinar.