O pensamento reconduz-nos sempre ao uso da razão incondicional se tentarmos colocá-lo em causa em termos globais, porque não podemos criticar algo com coisa nenhuma; e não podemos criticar o mais fundamental com o menos fundamental. A lógica não pode ser afastada pela antropologia. A aritmética não pode ser afastada pela sociologia ou pela biologia. E a ética também não, segundo julgo. Penso que, mal se identifique a categoria de pensamentos no exterior dos quais nos não podemos colocar, o domínio de exemplos irá revelar-se bastante lato.
Podemos ser levados a reexaminar as nossas convicções aritméticas e morais ao apontarem-nos influências culturais, mas o exame terá de efectuar-se usando raciocínio aritmético ou ético de primeira ordem: não se podem deixar pura e simplesmente esses domínios para trás, substituindo-os pela antropologia cultural.
Thomas Nagel, A última palavra, tr. Desidério Murcho, Gradiva, p. 30.
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