Filmosofia – Time Out of Mind e o Valor do Indivíduo

Escrito e realizado em 2014 por Oren Moverman, Time Out of Mind (Viver à Margem) foi um filme aclamado pela crítica (Festival Internacional de Cinema de Toronto) mas que passou relativamente despercebido dos circuitos comerciais e do público em geral.

O filme mostra o dia a dia de George (Richard Gere), um homem de meia idade que se recusa a reconhecer que é sem-abrigo e a pedir ajuda a estranhos, construindo para si mesmo uma narrativa segundo a qual está a passar um mau bocado temporário. Mas, no meio das inúmeras situações de rejeição e de medo por parte dos transeuntes, bem como da vulnerabilidade de se ser sem-abrigo, George atinge o fundo da sua existência, convencendo-se de que não existe na sociedade em que vive, de que não é ninguém, de que se tornou invisível.

Ao longo de cerca de duas horas, Moverman dá-nos a conhecer como vivem os excluídos na cidade de Nova Iorque, entre abrigos, mendicidade e a boa vontade de alguns, num realismo desconcertante e cru onde a identidade individual se anula e apaga quando deixamos de ser contribuintes ou de ter documentação válida.

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