Uma pesquisa simples na Web revela-nos duas entradas possíveis: Filosofia com Crianças ou Filosofia para Crianças. Várias vezes ouvi a pergunta: mas afinal é “com” ou “para”?
Na verdade, Matthew Lipman , o pioneiro desta área filosófica, empregava o termo “para” no seu primeiro projecto Philosophy for Children, no final dos anos 60, e que visava ensinar competências lógicas a crianças com o intuito de as tornar mais críticas, curiosas e até mesmo criativas.
Incentivar o questionamento e o pensamento crítico eram, para Lipman, armas fundamentais para combater a passividade a que as crianças estavam habituadas por um sistema de ensino repetitivo, que mais valorizava (valoriza?) a memorização e recitação, em detrimento de uma perspectivação crítica e da habilidade de questionar.
A Filosofia para Crianças surgiu como coadjuvante da formação de indivíduos interventivos e críticos, não tendo Lipman demonstrado preocupação com o emprego de “para”.
A adaptação da Filosofia com Crianças surgiu mais recentemente como forma de acentuar a vertente interactiva com estas, dado que às crianças é solicitado que tomem parte activa nos diálogos e até mesmo nas temáticas abordadas. Filosofar com crianças é trabalhar com elas e não para elas, evitando-se a conotação com o debitar de ideias e imposição de estratégias, algo típico numa sala de aulas tradicional.
Na realidade, quer se use “com” ou “para”, o mais importante é respeitar o ritmo de intervenção das crianças e a vontade de o fazer, bem como as temáticas abordadas, seja numa abordagem mais livre à maneira de Lipman, ou mais dirigida, à maneira de Brenifier.